9 de setembro de 2012

"Queremos continuar com nossa carreira até daqui 30 anos" diz Fi em entrevista


Com o CD E Comum, os riffs mais pesados foram deixados de lado e as letras melancólicas estão mais adultas.

“Foi um amadurecimento natural, e ficamos felizes com essa mudança”, disse o guitarrista do grupo Filipe Ricardo, por telefone em uma entrevista exclusiva ao Vestiário, e completou, “depois que lançamos o Ao vivo, ficamos bem satisfeitos, mas um espaço vazio se abriu, e cada um olhava pra cara do outro e se questionava do que faríamos a partir dali”. Fica claro que para o grupo que “Em comum” é um novo momento, ou, nas palavras do músico, “o primeiro passo nesses dez anos de carreira”.

Algo que chama atenção à primeira vista é a capa do material, assinada pelo artista plástico Flávio Rossi.

“O bacana do resultado é que cada pessoa sente uma coisa diferente ao vê-la”, explica Fi. “Cada rosto tem uma expressão forte, e a do meio é mais serena”, analisa.

A primeira faixa de “Em comum” é a cheia de referências “Sem hora pra voltar”. Logo nos primeiros versos, Di já avisa: “Hoje quero esquecer e acordar na cama errada, sem desculpa e nem ressaca, tipo aquele som que o Zeca [Pagodinho] diz deixa a vida me levar”. E é isso! O som do NX Zero agora é descompromissado, alegre e, o melhor de tudo, um pouco mais maduro e pronto para ir além do que nos acostumamos a esperar.

“Maré”, o primeiro single do material”, vem em seguida e, nas palavras do guitarrista, resume bem o clima do disco todo, com direito a um solo de guitarra que lembra John Frusciante, ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers, um grande ponto focal. “Além do Red Hot, temos o Foo Fighters como inspirações e o Pearl Jam, uma banda lendária que se superou várias vezes”, justifica.

Ainda sobre o Red Hot Chili Peppers, a faixa-título tem mais tantas influências do grupo norte-americano.

“É muito louco falar sobre eles, é uma banda que eu ouço deste pequeno, e ter a oportunidade de tocar no mesmo lugar que eles foi inexplicável”, narrou, com um ar de fã, sobre a experiência do NX Zero ao lado dos californianos no Rock In Rio ano passado.
“Estrada (Gonza)”, é uma canção que fala sobre tudo que os garotos, agora homens maduros, passaram desde o início da carreira. Como toda e qualquer banda nacional, o desejo de levar a música ao exterior é enorme, e não seria diferente com o NX. O próprio baterista, Daniel Weksler, nos revelou isso em uma entrevista há pouco mais de um ano. Dito e feito. O grupo chegou ao mercado internacional com uma série de quatro shows no Japão.

Você deve estar se questionando se havia público para eles lá na Terra do Sol Nascente, não é? E teve, até demais.

“A galera foi bem receptiva, o primeiro show foi quase lotado e os outros foram sold-out, com pessoal pra fora e tudo”, disse Fi, sem esconder uma pontinha de orgulho. “Ninguém invade seu espaço, todos foram bem respeitosos com uma educação, disciplina e organização fora do comum”.

Você deve estar se questionando se o público não era só brasileiro, e está enganado.

“Um radialista brasileiro de lá tocou “Cedo ou tarde” e chamou atenção. A galera quis saber a tradução da música, quem tocava, então mais ou menos 5% do público era japonês”, disse Filipe.

O NX até dividiu o palco com Hayoko Honda, que fez uma versão japonesa da faixa:

“A participação dela foi bem legal, também pra galera entender um pouco da letra. Essa foi a primeira que alguém do exterior abriu a porta pra gente, e com certeza esperamos voltar, não só pra lá, como para outros países”.

A banda já lançou músicas em inglês e espanhol, e não pude deixar de questionar se há uma chance de arriscarem alguma coisa em japonês – e Filipe não descartou.

“A maior barreira é a língua, mas seria um prazer se alguém ajudasse a gente a fazer, como a Kayoko, por exemplo”.

E o que o eles querem a partir de agora?

“Assim como as bandas nacionais, queremos longevidade ao NX. Uma carreira extensa e continuar na estrada daqui a trinta anos”, contou Fi.

Mas com tanta história pra contar, os rapazes só se deram conta dos dez anos de sucesso com a gravação do DVD, lançado no ano passado.

“Ele fechou a etapa de uma fase para o início de outra”, disse. “Foi um resumo do que a gente aprendeu desde o começo, como independentes, até o “Projeto paralelo”, um projeto bem despretensioso que tomou uma proporção maior do que a esperávamos”, finalizou.

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